Reflexões sobre Corpus Christi e o quarto dia da Festa Nacional de São José de Anchieta. Um caminho de conversão diária, como nos convida o Ano Inaciano, exige santas perguntas e sagradas respostas: Magis Corpus Christi.
Inteiro eu ame a ti, de coração constante.
Verso dos Poemas Eucarísticos, São José de Anchieta
Escrito no século XVI, esse verso extraído dos Poemas Eucarísticos de São José de Anchieta esteve na reflexão do quarto dia da novena, na solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue do Senhor. Na Missa, a sequência própria de Corpus Christi, escrita por São Tomás de Aquino, no século XIII, recorda que em cada partícula, Jesus está inteiro, não diminui, nem muda.
Podemos tocar o corpo de Cristo na Eucaristia. Mas se não podemos estar a todo tempo na Missa, em adoração ou até mesmo se a comunhão sacramental não é possível ou não é constante por conta da pandemia, como amar inteiramente a ti e, ainda, de coração constante?
Breve registro da homilia do Reitor do Santuário Nacional de São José de Anchieta, Pe. Nilson Maróstica, SJ
Em Moisés, a aspersão do povo com o sangue significa que todos estão em comunhão com o sacrifício que está sendo oferecido pelo sacerdote. É o sangue da aliança. Cristo, por sua vez, ofereceu o seu próprio sangue que é aspergido sobre nós. Eis o cordeiro de Deus, disse São João Batista. Já não é mais o sangue de um animal: Jesus é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Por isso, temos todo cuidado com a Eucaristia.
Mas de nada vale todo zelo com a Sagrada Eucaristia, o Corpo de Cristo, se não tivermos cuidado com o corpo da Igreja, porque o corpo da Igreja é o corpo místico de Cristo.
Padre Nilson Maróstica, SJ
Reitor do Santuário Nacional de São José de Anchieta
É importantíssima a devoção litúrgica para que a gente viva a caridade lá fora (e aqui dentro também). Se comungou, é preciso ter comunhão. Quando acaba a Missa começa a nossa missão. Há um corpo que podemos tocar a todo instante, e se desejamos amar por inteiro não podemos esquecê-lo.
De nada vale ter cuidado com o sangue, se a gente não cuida do corpo do pobre, daqueles que estão passando necessidade. Porque quando comungamos aqui, formamos o corpo de Cristo para que a Igreja seja construída lá fora. Acabou a Missa começa a nossa missão.
Padre Nilson Maróstica, SJ
Padre Júlio Lancelotti, cuja atuação é reconhecida pela proximidade com os mais vulneráveis e com as pessoas em situação de rua, recebeu um telefonema do Papa Francisco em 10 de outubro de 2020. Em uma transmissão ao vivo realizada no perfil Vatican News em português, Padre Júlio Lancelotti contou como foi o telefonema que recebeu do Papa Francisco.
Ele me fez uma pergunta jesuítica: Como é o teu dia? E quem me perguntava isso era Dom Luciano Mendes de Almeida, um santo.
Padre Júlio Lancelotti
A conversa marcou a ambos. Papa Francisco mencionou o telefonema na mensagem do Ângelus do dia 11 de outubro de 2020. Referindo-se ao padre como “um ancião que vive sua velhice em paz, um missionário desde a sua juventude, sempre trabalhando com aqueles que estão à margem, que consumiu sua vida com os pobres. Essa é a nossa mãe Igreja. Esse é o mensageiro que vai até as encruzilhadas do caminho”, concluiu o Papa.
Padre Júlio Lancelotti no viaduto Dom Luciano a quebrar pedras cimentadas para afastar a população de rua.
Expliquei que o mais importante é conviver com os irmãos de rua. E o Papa Francisco me respondeu ‘isso mesmo, conviva sempre com eles, como fez Jesus’.
Padre Júlio Lancelotti
Os tapetes são preparados para receber a procissão eucarística pelas ruas da cidade. Neste ano, simbolicamente os tapetes, construído por doações de alimentos, irão ao encontro do corpo místico de Cristo.
Não compusemos tapetes aqui. Saímos às ruas com o Santíssimo Sacramento e no trajeto foram doados muitos alimentos. Assim formamos um tapete de doações.
Padre Nilson Maróstica, SJ
Os alimentos recolhidos com a ajuda do Terço dos Homens, no translado que durou quase 2 horas e foi transmitido ao vivo pelas redes sociais, serão distribuídos para as famílias acompanhadas pela rede de ações contra fome, organizada na Campanha Paz e Pão da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo, onde está localizado o Santuário Nacional de São José de Anchieta.
As primeiras cestas básicas preparadas para doação.
É em um poema eucarístico que Anchieta escreve inteiro eu ame a ti, de coração constante porque nossa fonte e modelo de amor é o próprio Deus que se dá por inteiro e está no meio de nós. Em todas as fase da vida, a cada época, com o valor único e próprio do seu tempo seja na juventude ou na velhice, na infância ou na vida adulta.
Ao final da procissão de Corpus Christi, Padre Nilson aproximou-se da escadaria, na frente do Santuário, e concedeu a benção com o Santíssimo. Em sua oração, pediu pelos jovens. Mais tarde, naquela mesma escadaria, quando fazia uma transmissão ao vivo, uma pequena procissão com cantos e velas veio ao seu encontro. Era um pequeno grupo de jovens que chegava para ajudar na Missa. Eram os jovens do EJC (Encontro de Jovens com Cristo) e do novo Magis. E começou a Missa assim:
Vamos restaurar o grupo de jovens que vive a espiritualidade inaciana. Magis, significa mais. Ser mais para os demais, ser mais para Jesus, ser mais para os pobres, ser mais peregrino, ser mais Companhia de Jesus.
Este quarto dia da Festa Nacional de São José de Anchieta mostrou-nos que para o caminho da conversão diária, ao qual nos convida o Ano Inaciano, a resposta que devemos buscar para aquela pergunta jesuítica como é o seu dia? deve ser Magis Corpus Christi.
Durante a Festa, a cada dia publicamos nos stories da rede social uma série de perguntas sobre a vida de São José de Anchieta e fazemos um breve encontro ao vivo antes do início da novena, para comentar as respostas e trazer curiosidades sobre o tema.