A Festa da Penha celebra a padroeira do Espírito Santo, estado em que está localizado o Santuário Nacional de São José de Anchieta. Terceira maior festa mariana do Brasil, o dia de Nossa Senhora da Penha é comemorado na primeira segunda-feira após a oitava da Páscoa, quando se celebram as alegrias de Maria. 

 

Se pões em mim teus olhos suavíssimos,
ó Mãe, isto me basta:
ressurge em teu semblante toda a minha esperança.

São José de Anchieta

Poema da Virgem Maria | v.2440

Frei Pedro Palácios, o frade franciscano que trouxe o quadro de Nossa Senhora das Alegrias e deu início à construção do Convento da Penha é contemporâneo e amigo de São José de Anchieta. O Apóstolo e Padroeiro do Brasil conheceu e participou do início dessa devoção que o povo capixaba guarda e vive há mais de 450 anos.

Detalhe do quadro de Nossa Senhora das Alegrias, trazido de Portugal por Frei Pedro Palácios.

Uma festa exclusivamente online e próxima

Vosso olhar a nós volvei é o tema da festa de 2021. Ao mesmo tempo em que a 451º Festa da Penha acontece sem a presença física dos fiéis peregrinos, a terceira maior festa mariana do Brasil esteve, particularmente, neste ano, mais próxima e unida ao povo e à realidade que o Brasil e o mundo vivem.

A oração não cessa. A igreja em saída – como o Papa Francisco pede – vai ao encontro dos que sofrem nos hospitais. Na noite santa da romaria, a imagem de Nossa Senhora da Penha desce o Convento e se aproxima das famílias, das casas e percorre as ruas, agora, vazias e que nos anos anteriores eram ocupadas por mais de 700 mil romeiros.

Imagem da transmissão ao vivo da Romaria. Com as ruas vazias, a imagem de Nossa Senhora da Penha refez o trajeto que mais de 700 mil romeiros percorriam.

Subida ao Convento

Uma subida ao Convento, no quinto dia da Festa, marcou e marcará para sempre a história. Não só a história da Festa da Penha ou dos capixabas, mas da própria Igreja.

“A irmã morte subiu a ladeira do Convento.” Assim, rezou Frei Pedro na Missa das exéquias do Frei Luiz Flávio, franciscano capixaba, vítima da pandemia, que foi sepultado aos pés do Convento da Penha.

É simbólico, é significativo, é dolorido. Na 451º Festa da Penha, no auge da pandemia, essa subida da ladeira do Convento – que já estava fechado para a participação presencial – representa também os mais de 4 mil brasileiros que perderam a vida naquele mesmo dia, as lutas das famílias dos mais de 350 mil brasileiros vitimados.

Na mesma semana em que a abertura dos templos religiosos se tornou um tema de discussão acalorada e até mesmo partidária, vimos a porta da Capela de São Francisco aberta para receber o Frei Luiz. Diante das portas dessa capela abriu-se outra pergunta: qual porta se fechou?

São José de Anchieta – que por sinal conheceu essa capela por ser a mesma onde viveu Frei Pedro Palácios – experimentou a privação da participação presencial nos sacramentos durante o período em que esteve refém de um acordo de paz em Iperoig e foi, justamente nesse momento, que ele escreveu isto:

A chaga da lançada
é uma porta refulgente que leva ao santuário
do Coração de Cristo!
Ressurge, agora, o homem que prostrou
a morte e o inferno,
aquele Deus que é teu Filho, ó Virgem!

São José de Anchieta

Poema da Virgem Maria | v.4770

E se ainda aparecer a pergunta: então por que celebrar a Festa de Nossa Senhora da Penha, a Virgem das Alegrias?  O Poeta da Virgem Maria também nos ajuda a compreender a resposta.

Enquanto a vitoriosa ressureição do Filho
resplandecer em títulos de glória,
tu, excelsa Mãe, serás cantada,
e, no mesmo esplendor,
se envolverá teu doce nome de Mãe
ao nome de teu Filho.

São José de Anchieta

Poema da Virgem Maria | v.4880

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O Convento da Penha construído sobre um penhasco de 154 metros de altitude, no município de Vila Velha. Distante 90 km do Santuário Nacional de São José de Anchieta. Na imagem, é possível ver ainda a ilha de Vitória, capital do ES.