Papa Francisco alegre e surpreso com o presente recebido do jesuíta Bruno Franguelli, na cidade do Vaticano. (Foto: Vatican Media)
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O sorriso do Papa Francisco é uma forma particular e carinhosa de se comunicar. Nessa foto o vemos com um sorriso alegre e claramente surpreso. E de surpresas ele também entende bem! Basta lembrar que já telefonou para um programa ao vivo da TV italiana, no dia de Natal. E surpreendeu o mundo ao se ajoelhar para beijar os pés dos líderes do Sudão, para pedir a paz.
Então, qual é o presente que causou tanta surpresa e alegria ao Papa?
O jovem jesuíta, Bruno Franguelli, participava do encontro para a Nova Evangelização, em 21 de setembro de 2019, quando o Papa Francisco encontrou os participantes. “Havia tempo para apenas um assunto. Focalizei Anchieta. Então, levei o Devocionário de São José de Anchieta Apóstolo e Padroeiro do Brasil”, contou o padre.
Conhecer a vida dos santos jesuítas faz parte da formação dos jovens que se preparam para entrar na Companhia de Jesus e a relação singular entre Francisco e Anchieta tornou esse encontro ainda mais especial. “O Papa Francisco aprendeu a amar Anchieta desde o noviciado porque estudou a vida de Anchieta como jesuíta e agora, como Papa, foi quem reconheceu a santidade de Anchieta”, explicou Padre Bruno ao recordar a canonização do santo jesuíta que viveu no século XVI e foi canonizado no primeiro ano do pontificado de Francisco.
É uma benção do Papa para todos os devotos de Anchieta.
“Com este devocionário também estão, nas mãos do Papa, todos os devotos de São José de Anchieta”, recordou, fiel ao carisma jesuíta de obediência ao Sumo Pontífice. Com esse gesto fica em evidência o valor do testemunho e do legado de São José de Anchieta para a vida dos cristãos e da Igreja do nosso tempo.
Perguntado sobre a reação do Papa ao ver o livro, Padre Bruno falou da surpresa e da alegria. “Ele se surpreendeu positivamente. Ficou muito feliz ao ver que Anchieta está sendo divulgado e amado”, afirmou o sacerdote que organizou os textos do livro lançado no primeiro semestre deste ano, quando dedicou-se ao Santuário Nacional de São José de Anchieta.
O encontro dos dois jesuítas revela também o esplendor da alegria de ver um irmão de Companhia cuja vida de santidade exalou o perfume do amor a Cristo e a Igreja nas terras do Novo Mundo e foram a origem de tantas vocações jesuítas como as de Bruno e de Francisco.
A providência escreve a história
Apenas dois anos após a morte de Anchieta, que ocorreu em 1597, já tinham sido escritas duas biografias, a primeira de Quirício Caxa, SJ e a segunda por Pero Rodrigues, SJ. Os autores coletaram testemunhos das pessoas que conviveram com o Padre José de Anchieta.
São José de Anchieta por sua vez também escreveu muito. Redigiu cartas, compôs poemas, preparou sermões, criou peças teatrais. Registrou as primeiras imagens do Novo Mundo em quatro idiomas diferentes: português, espanhol, latim e tupi.
O Devocionário reúne orações, novena e meditações do santo rosário com fragmentos das primeiras biografias escritas sobre o santo e trechos cuidadosamente selecionados dos poemas de São José de Anchieta. O devocionário foi ainda enriquecido com a uma breve biografia, sermão e poemas compostos pelo próprio Anchieta, inclusive escritos em tupi, a língua indígena que o santo jesuíta aprendeu e registrou na primeira gramática do Brasil.
Resgatar esses textos e construir uma devoção à Anchieta a partir da sua história é um esforço importante para superar as tentativas de apagamento e apropriação da imagem de Anchieta por governos totalitários.
Organizado pelo jesuíta Bruno Franguelli, o devocionário foi lançado em junho deste ano no Santuário Nacional de São José de Anchieta, localizado no município de Anchieta, a 80km da capital do Vitória -ES e no Palácio Anchieta, atual sede do Governo do Estado, antiga igreja de São Tiago, por ocasião da primeira Missa celebrada no túmulo São José de Anchieta desde o retorno dos jesuítas, há 260 anos.
Deixemo-nos surpreender por Anchieta
E assim voltamos à foto. Um jovem jesuíta, tendo nas mãos um Devocionário escrito e lançado no Santuário Nacional de São José de Anchieta, diante de um jesuíta Papa que escreveu o nome de Anchieta no livro dos Santos.
Sob a autoridade do sucessor de Pedro, chegou a hora de conhecer e dar seguimento ao legado do Apóstolo e Padroeiro do Brasil, cuja santidade de vida deu bons frutos nas terras ultramarinas e hoje é apresentado ao mundo como semente de santidade para ser lançada aonde o Senhor julgar que pode produzir mais fruto.
“Transmitir o legado de Anchieta. Papa Francisco espera muito de nós”, Padre Bruno Franguelli, SJ, organizador do Devocionário. (Foto: Vatican Media)
Devocionário de São José de Anchieta Apóstolo e Padroeiro do Brasil