Das limitações à ampliação das possibilidades de conexão. A festa do Apóstolo do Brasil, que pelo segundo ano consecutivo teve uma participação prioritariamente online, diante das limitações da pandemia viveu uma nova forma de celebrar seu padroeiro.
Santuário Nacional de São José de Anchieta
A Festa Nacional de São José de Anchieta aconteceu entre os dias 31 de maio e 09 de junho, desde o Santuário Nacional de São José de Anchieta para todo o Brasil diante do desafio de envolver mais pessoas, de criar momentos de acolhida, oração e diálogo com Deus.
A novena e as missas foram celebradas no interior do Santuário com restrição de público e o devido cumprimento de todas as exigências sanitárias. A Festa saiu às ruas da cidade de Anchieta em dois momentos: na procissão no dia de Corpus Christi e em uma carreata, após a Missa de encerramento. Tudo foi transmitido ao vivo pelas redes sociais.
Ainda mais ampla, a Festa recebeu a cada dia uma participação especial com mensagens e depoimentos que continuarão sendo divulgados no transcorrer do mês de junho.
Contexto Global do Ano Inaciano
A Festa aconteceu dentro de uma importante data para a Companhia de Jesus, o Ano inaciano que celebra os 500 anos do início do caminho de conversão de Santo Inácio de Loyola, o fundador da Companhia de Jesus. Por isso, foi escolhido para a Festa o lema do Ano Inaciano “Ver novas todas as coisas em Cristo”.
São José de Anchieta é contemporâneo do fundador Companhia de Jesus. Jovem, entrou na Companhia e foi Provincial do Brasil quando Inácio era o Superior dos jesuítas. Um contexto histórico novo e desafiador.
O Provincial dos jesuítas do Brasil, Pe. Mieczyslaw Smyda, SJ, por ocasião das celebrações de São José de Anchieta no Ano Inaciano, enviou uma mensagem que ajuda a compreender como a vida e a espiritualidade de Santo Inácio e de São José de Anchieta podem nos ajudar a ver as circunstâncias que vivemos e, com um novo olhar, transformar as realidades que encontramos, a começar por nós mesmos. Há uma proposta de conversão individual, mas há também um impulso para ver novas todas as coisas de uma forma ampla, e isso envolve a nossa própria história como nação.
Anchieta e Inácio são peregrinos. Os peregrinos da esperança. Levaram a fé e a Boa Nova e contagiaram pessoas, mudaram o rumo da história e marcaram positivamente muitas vidas.
Pe. Mieczyslaw Smyda, SJ
Provincial dos Jesuítas do Brasil
Neste ano inaciano, celebrar São José de Anchieta é celebrar o coração da Companhia de Jesus, os exercícios espirituais e as constituições que São José de Anchieta viveu tão bem. Por isso foi tão grande, por isso é tão grande.
Nilson Maróstica, SJReitor do Santuário Nacional de São José de Anchieta
Por ter uma proposta de integração e acontecer nesse formato online, a Festa teve participações nacionais e internacionais. O jesuíta Pe. Ronilson Braga, SJ que está em missão na Bolívia, participou da Festa e dedicou parte de sua mensagem para gravar, em espanhol, uma mensagem aos refugiados venezuelanos no Brasil.
Não desanimes. Não tenhais medo. Inácio foi também um grande peregrino. Tenham olhos vivos para encontrar Deus em todas as coisas.
Pe. Ronilson Braga, SJPastoral Universitária
O Santuário Nacional de São José de Anchieta está localizado no litoral sul do estado do Espírito Santo, cuja padroeira é Nossa Senhora da Penha e tem sua capela no alto do monte à beira do mar. A devoção mariana e o início da construção do Convento da Penha, iniciada por Frei Pedro Palácios, remontam à época que São José de Anchieta viveu aqui. Frei Adriano Dias, ofm leu um trecho da carta de São José de Anchieta que descreve o Convento da Penha.
A Missa de encerramento da Festa Nacional de São José de Anchieta aconteceu no dia 09 de junho, às 16h, e foi celebrada pelo franciscano Frei Paulo Pereira, ofm guardião do Convento da Penha. Para o reitor do Santuário, o convite para celebrar o encerramento da Festa recorda a amizade do jesuíta São José de Anchieta com o franciscano Frei Pedro Palácios, que construiu o Convento da Penha, mas de forma particular, foi uma homenagem e uma ação de graças pela vida do Frei Paulo, que teve a saúde reestabelecida após a internação na UTI por Covid durante a Festa Penha, período ao qual se referiu como “uma ressureição”.
Frei Paulo apresentou-se como “um entre irmãos” e acolheu “a fraternidade ampliada” pelas conexões online. Lembrou que a presença de falsas notícias mostram que a internet ainda é um ambiente que precisa ser evangelizado.
Jesuítas e Franciscanos tem muito em comum. A experiência de fé sentida e cultivada vivamente por seus fundadores levaram muitas pessoas a “colocar os pés nas pegadas de Inácio e Francisco”. Em particular, no Brasil, quando chegaram jesuítas e franciscanos, “os povos indígenas todos já davam cara para este continente”.
Recordou que o verdadeiro “evangelizador e missionário não é aquele que traz importadas verdades novas, mas é aquele que faz florir o que Deus já havia semeado.
Muito antes do primeiro missionário chegar, Deus na sua infinita bondade já tinha semeado nessa terra fecunda a justiça, a verdade, a solidariedade, a amizade, a boa vontade.
Jesuítas e Franciscanos, ao chegarmos aqui, não fizemos outra coisa se não deixar brotar, ajudar a revigorar, a florescer as sementes do Verbo, há muito tempo, pela bondade de Deus aqui plantada. Então nos unimos aí.
Frei Paulo Roberto Pereira, ofm
Celebrar o padroeiro
“Ao celebrarmos São José de Anchieta também somos chamados a revigorar a nossa fé”, disse o frei. Celebrar o padroeiro é, portanto, um “momento oportuníssimo para a Graça agir em nós”. Mas alertou para o risco “de olhar para os santos, elogiá-los e sair a repetir com as palavras os seus versos”. É preciso algo mais.
As virtudes de São José de Anchieta são encantadoras. Mas a nós cabe corresponder, passar do encanto e assumir com ele o testemunho.
Frei Paulo Roberto Pereira, ofm
Somos impelidos pelo exemplo dos santos
A partir da recordação do ditado Não fazer bonito com o chapéu alheio, afirmou ser necessário “vestir seu próprio chapéu” que significa “testemunhar no nosso dia a dia o Evangelho. Para que a nossa fé seja verdadeira, para que a igreja tenha relevância na sociedade”. Com esforço e ajudando uns aos outros, para cultivar o mesmo sonho e a mesma expectativa.
Ouse, com coragem. Dê um passo além, com coragem e com fé. Jesus, especialista em humanidade, conhecia o desejo da alma humana: águas mais profundas.
Observou ainda que o mar para o pescador é sustento, mas também é o lugar do incerto, da dúvida e do temor. “Por isso, na nossa vida é preciso alargar os ouvidos e ouvir a voz do mestre: Avance para águas mais profundas! A pesca é abundante. Assim será se nós – vencidos os nossos medos – abrirmos generosamente o ouvido do nosso coração para ouvir a voz do Mestre: Vença o medo! Ouse! ”
Tem muitos motivos para que a gente duvide, mas tem um motivo e esse basta para que a gente creia: é o mestre que nos chama, avance para águas mais profundas.
Pandemia
Vivemos tempos difíceis, mas a pandemia nos ensina muitas coisas. As vacinas estão chegando, tardiamente, mas virá para todos. Mas além dessa doença, há outras que precisam de cura E apontou para a doença da indiferença, a vacina da fraternidade. Para o desrespeito à vida, a mobilização do coração e a escuta do senhor para respeitar e reverenciar a toda forma de vida.
Restauração
Ao lembrar do processo de restauração do santuário, reforçou a importância de fazer tudo com muito zelo, mas que todos os santuários têm um único objetivo: ser espaço do acolhimento. “Não moramos no santuário, nós nos dirigimos ao santuário, muitas vezes quebrado, mas ali nos encontramos com o revigoramento do Senhor”, concluiu.
Em uma referência ao Monte Tabor, disse ainda “Alargue os ouvidos e escute: não, não ficaremos. Aqui nos reabastecemos e saímos em missão”. A partir do Santuário nos encontramos com o Senhor e a partir desse encontro nos fazemos seus mensageiros e mensageiras.
Maria
Viveram a santidade, São José de Anchieta, aqui onde hoje é o Santuário, e Frei Pedro Palácios, no Convento da Penha, ambos tinham especial predileção por Nossa Senhora e “eram seus filhos prediletos”.
Na nossa espiritualidade, nessa caminhada de revigoramento não nos falte o olhar terno da Virgem da Assunção, ela por primeiro e depois todos nós queremos ir para o céu. E não nos falte o olhar atento da Virgem das Alegrias que celebra e acolhe a ressureição de Nosso Senhor Jesus Cristo, nossa vida e nossa missão.
Frei Paulo Pereira, ofm
Oração com Poema da Virgem Maria
Ao concluir a Missa solene no encerramento da Festa Nacional de São José de Anchieta de 2021, Frei Paulo recordou o tema da Festa da Penha Vossos olhos a nós volvei e rezou, diante da imagem de Nossa Senhora da Assunção, no Santuário Nacional de São José de Anchieta, os versos do Poema da Virgem Maria.
“Se pões em mim teus olhos suavíssimos,
ó Mãe, isto me basta:
ressurge em teu semblante toda a minha esperança!”
São José de Anchieta | Poema da virgem Maria | v. 2440
Missa solene de São José de Anchieta no encerramento da Festa Nacional de São José de Anchieta. Foto: Iago Nogueira
“Felizes lágrimas,
que tão formosamente se estancaram!
Feliz sofrimento, que acabou em tanto gozo!”
São José de Anchieta
Poema da Virgem Maria
V. 315
Benção com a relíquia de São José de Anchieta no encerramento da Missa. Os frades franciscanos do Convento da Penha, Frei Pedro de Oliveira, ofm (com a relíquia) e Frei Paulo Pereira, ofm com os jesuítas do Santuário Nacional de São José de Anchieta. Foto: Iago Nogueira
Papa Francisco recebeu o livro escrito por São José de Anchieta: o Poema da Virgem Maria. Foi a escrita deste poema que concedeu ao Apóstolo e Padroeiro do Brasil o título de Poeta da Virgem Maria. As imagens chegaram no primeiro dia da Festa Nacional de São José de Anchieta que também foi o presente oferecido pelo Santuário aos convidados que celebraram a novena e Missa na Festa Nacional de São José de Anchieta.
Papa Francisco ganha o Poema da Virgem Maria, de São José de Anchieta
O Santuário Nacional de São José de Anchieta está localizado na cidade de Anchieta, a 90 km da capital Vitória. O complexo arquitetônico abriga o quarto onde São José de Anchieta morreu em 09 de junho de 1597, a igreja por ele construída e inaugurada e o pátio onde foi encenado o Auto da Assunção em 1590.