São José de Anchieta e Nossa Senhora da Assunção
Há 441 anos a Companhia de Jesus chega a Reritiba e São José de Anchieta inicia a construção da igreja, que foi concluída e inaugurada pelo santo jesuíta há 430 anos com a apresentação do Auto da Assunção.
Os acontecimentos do dia 15 de agosto de 1579 e 1590 são decisivos para a história do Santuário Nacional de São José de Anchieta. São marcos históricos, culturais, religiosos e artísticos importantes para o município de Anchieta, para o estado do Espírito Santo, para a história do Brasil e da Companhia de Jesus.
Anchieta edificou uma manifestação religiosa, cultural e política que acolheu e envolveu índios e colonos. Recorda-se ainda que dizer índios e colonos não significa dizer que são dois grandes grupos homogêneos. Definitivamente, não. A diversidade de tribos e de origem dos colonos era muito grande.
Anchieta foi um grande conciliador. Recepcionou a muitos. Para isso, valeu-se da abertura à cooperação, ao diálogo, à tolerância, ao respeito. Para unir, valeu-se da arte e da beleza.
Na Fé, Anchieta transmitiu a experiência do amor de um Deus que é próximo, que tem Coração e tem uma Mãe. Uma Santíssima Mãe que vai ao encontro, que visita e chega para ajudar, não para exigir. Vem, justamente para auxiliar naquilo que eles mais necessitam. Assim, transmite a Esperança que não decepciona.
Trecho do Auto da Assunção escrito por São José de Anchieta: tradução em português e original em tupi.
441 anos da presença da Companhia de Jesus nas terras de Anchieta.
São José de Anchieta, em 15 de agosto de 1579, Festa da Assunção de Nossa Senhora ao Céu, funda a missão jesuítica no aldeamento de Reritiba. Atual, município de Anchieta. No mesmo dia que funda a missão, São José de Anchieta inicia a construção da igreja, a mesma que hoje integra o Santuário de Anchieta.
430 anos da Dedicação da igreja de Nossa Senhora da Assunção realizada por São José de Anchieta
Exatamente 11 anos depois, no dia 15 de agosto de 1590, o mesmo Padre José de Anchieta inaugura essa igreja e realiza a Dedicação da igreja a Nossa Senhora da Assunção. O que era uma construção torna-se, então, um Templo.
430 anos do Auto da Assunção, peça teatral escrita por São José de Anchieta
No dia da dedicação da igreja, chega a Reritiba a imagem de Nossa Senhora. Acontece uma grande e notável festa que marcou a história e a cultura do Brasil, pois nela foi encenado o Auto da Assunção, escrito por São José de Anchieta.
Altar da igreja de Nossa Senhora da Assunção dedicada por São José de Anchieta e que hoje integra o conjunto arquitetônico do Santuário Nacional de São José de Anchieta.
No dia da Assunção, quando levaram sua imagem a Reritiba, conforme explica o próprio Anchieta, foi um auto escrito para receber a imagem de Nossa Senhora da Assunção, confeccionada em terracota e que fora produzida em Portugal.
O Auto da Assunção segue uma narrativa de encontros, reúne elementos culturais indígenas e portugueses, mas todos ele redigido e encenado em língua Tupi.
Reconhecido por organizar uma gramática em Tupi, São José de Anchieta incluiu a língua indígena em diversas produções artísticas e literárias. “A língua tupi era a língua mais falada na nova terra. Anchieta, ao dotar essa língua de uma gramática descritiva e ao escrever poemas nela, junto com outros em espanhol, português e latim, dá ao tupi o status de língua de cultura“, ressalta Raimundo Carvalho, poeta e professor doutor do departamento de Línguas e Letras da Universidade Federal do Espírito Santo.
“O Auto da Assunção é uma peça teatral que conta a história da visita de Virgem Maria à aldeia”, explica padre Nilson Marostica, reitor do Santuário. “A encenação aconteceu desde o navio que atracou no porto do Rio Benevente até a igreja”, conta o jesuíta.
“Como o rito de acolhida nas aldeias tupis converge à casa do principal, aqui, também, o Auto da Assunção (1590) converge para a Igreja da missão. A aldeia toda é o palco”, explica o jesuíta Padre Felipe Soriano que dedicou sua dissertação de mestrado ao tema do Auto da Assunção.
“Essa é a beleza, a genialidade de São José de Anchieta. Não era o rito pelo rito. Ele fazia uma boa formação, espírito próprio da Companhia de Jesus, fazer com excelência”, recorda Padre Nilson.
Os escritos originais em tupi, com a letra de Anchieta, foram preservamos na íntegra. Fazem parte do acervo do Museu do Santuário Nacional de São José de Anchieta. Atualmente passa por um processo de readequação, em breve estará novamente disponível para a visitação.
Lateral da igreja do Santuário, próximo às escadarias que ligam o pátio da igreja ao porto do Rio Benevente.
Celebrar os 430 anos da igreja de Nossa Senhora da Assunção, depois que São José de Anchieta foi canonizado é motivo de consolação. Aqui nós pisamos as pisadas de um santo que construiu, dedicou e consagrou essa igreja.
Padre Nilson Marostica
Reitor do Santuário Nacional de São José de Anchieta
A celebração que marca o nascimento de uma igreja tem o nome de dedicação, ou consagração.
São José de Anchieta tinha grande devoção à Conceição e a Assunção de Maria, portanto a escolha da dedicação da igreja está diretamente ligada à vida de oração do próprio santo Apóstolo do Brasil.
Detalhe das pedras da construção originária do altar da igreja de Nossa Senhora da Assunção.
Do antigo aldeamento de Reritiba está preservado o conjunto jesuítico do Santuário Nacional de São José de Anchieta, tombado como Patrimônio histórico nacional, que envolve a igreja, construída e dedicada por São José de Anchieta à Nossa Senhora de Assunção, parte da residência dos jesuítas, o adro ou pátio da igreja, onde foi encenado o Auto da Assunção, e a cela ou quarto, onde morreu Anchieta em 1597.
Em 21 de Setembro de 1943 o conjunto arquitetônico foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
São José de Anchieta também inaugurou a presença da Companhia de Jesus nas terras do hoje município que leva o seu nome. Uma contribuição em várias áreas do conhecimento e desenvolvimento urbano. Particularmente, do ensino e das artes.
Os jesuítas, como são chamados os padres da Companhia de Jesus, a mesma congregação de São José de Anchieta, são os responsáveis pelo Santuário Nacional de Anchieta.
441 anos da presença da Companhia de Jesus nas terras do hoje município de Anchieta. A missão foi fundada por São José de Anchieta.